segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

mad world


A chuva lá fora não passa, a trovoada não acalma e o medo no olhar de cada criança revela o mundo em que estamos. A população não se importa, quem vivia bem começa a viver mal, que vivia mal, passa a viver pessimamente e quem não vivia nem bem nem mal, começa a escorregar para o caos. Ninguém sabe o que se passa. Fala-se de uma crise. Fala-se de tanta coisa que já nem sabemos em que é que havemos de acreditar! Os adolescentes já não têm tempo para pensar nos seus dramas pois neste momento, todos temos dramas a triplicar e tudo o que nos parecia o fim do mundo há uns meses, agora não é nada. Mas ninguém faz nada, ninguém luta, ninguém acredita. Cada vez há mais violência, cada vez há mais desejo de morte, assaltos, violações, crianças inocentes a levar no cú porque infelizmente temos homens e mulheres porcas. Cada vez vejo mais sem-abrigos e drogados a dormir com uma caixa de cartão a servir de manta. As pessoas matam-se como se matam coelhos. Parece que é fácil acabar com uma vida. Parece que é normal, que não é nada de mais. Basta pressionar o gatilho. Basta tomar uma caixa de comprimidos ou até beber uma garrafa de azeite. Basta querer. E as depressões? Cada vez mais. Cada vez mais conheço pessoas e acompanho problemas assim. Não sabia o que dizer a pessoas com esses problemas. Mas o que me assusta mais é que cada vez os percebo melhor. E fico aterrorizada. Fico com medo como é óbvio. Com medo de um dia desejar a minha própria morte. Medo de um dia vir a cometer a loucura de tentar acabar com a minha vida. Porque talvez fosse mais fácil. Os problemas acabavam. Mas nunca irei ser capaz de o fazer. E cada vez mais quero fazer-me acreditar nisso. Estou farta de tudo. Farta de apontarem os dedos a quem faz da vida uma arte mas que não está nas melhores condições fisicamente. Ou até porque são diferentes. Porque vestem calças ás cores e rasgadas. Porque andam todos de preto. Porque têm um estilo extravagante. Porque têm piercings ou tatuagens, porque são surdas, porque têm uma deficiência ou até porque são feios. Ou até porque são magros ou gordos. Fogo, mas que merda é esta? Mas que puta de sociedade é esta que não admite nada? Que não aceita as pessoas diferentes? Afinal o que é ser normal para esta gente? É ser uma velha coscuvilheira? É estar o dia todo á varanda a olhar para os vizinhos para tentar descobrir os problemas dos outros? É estar na moda? É ser simpática e bem-educada a toda a hora? É não poder perder as estribeiras e berrar uma vez ou outra? É ter dinheiro pra comprar tudo? É ir para a universidade acabar o curso para depois ir trabalhar para as caixas do pingo doce? Fodasse! Se é, então eu não quero viver mais nisto. E irei dizer não até ao fim!

2 comentários:

  1. o grande problema é: ninguém, neste momento, houve um não.

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  2. nem ninguém sabe dizer um não que seja ouvido por alguém.

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