Era uma vez um casal de senhores idosos..
- Estou farta que atenções vão todas para ti.
- Oh mulher, vivo para ti a cada segundo. Respiro por ti e tu consegues dizer-me isso?
- Isso não é verdade. Estou farta de te ter á perna.
- Abdiquei da minha carreira para poder estar ao teu lado e dar-te a saude que precisas e tu consegues ter essa ideia de mim? Pois agora farto estou eu.
- Sabes que és tudo que tenho no mundo, mas que os problemas que nos envolvem me deixam nervosa e não me permitem dar-te o valor que mereces.
- Eu sei, querida. E para sempre te perdoarei. Sei que ao meu lado para sempre ficarás.
..numa noite, ele sente bastante dores e vai para o hospital. ela fica em sobresalto e bastante preocupada e a sua irmã vai passar o dia com ela.
- Ai o meu homem. Será que ele está bem, será que aconteceu alguma coisa?
- Oh mulher descansa. Está tudo bem, vai ficar tudo bem.
- Não vai irmã. Eu sei que ele nao está bem e que eu deveria estar ao lado dele.
- Isso sao remorsos?
- Se ele nao passar daqui, vai ficar tanto por dizer.
- Estao casados há anos, e ainda nao disseram tudo o que tinham a dizer um ao outro?
- Nunca dizemos o que queremos. E em todos estes anos, eu ainda nao lhe mostrei o quanto preciso dele.
- Tem calma descansa. Entretanto, descobre-se que ele precisa de ser operado e toda a gente incobre isso á senhora pois tem problemas de coração e nao aguentaria uma noticia destas.
«- é para o bem dela, nao digas isso.
- nao sei se o melhor é esconder. e se ele morre?
- nao vai morrer. acredita.» - troca de ideis entre os familiares.
Ela recebe uma chamada.
- Estou?
- Estou mãe. como estas?
- Oh filho, como está o pai? estás com ele ? posso falar com ele? Preciso de o ouvir.
- Mãe, aconteceu um problema.
- Conta, estou preparada.
- Promete que nao te exaltas.
- Diz de uma vez.
- O pai nao aguentou. Teve um enfarte e morreu.
«tu tu tu tu tu»
..a chamada cai e assim como esta, ela deixa-se debroçar pela mesa e cai redonda no chao.
- Tia tia, o que se passou? Estás bem? Acorda..
Chega a ambulancia e ela umas horas depois encontra-se a familia toda no hospital a rezar pelas suas melhoras. O medico aproxima-se com uma expressão pouco animadora e diz que não com a cabeça. As unicas palavras que ele consegue exprimir é um inseguro "fiz tudo o que pude." Uns debroçam-se no chão com as mãos na cabeça, outros correm para o exterior do hospital e outros como eu, correm para o quarto onde ela se encontra. Entro no quarto, olho para ela, sinto-a a mexer-se. Os meus olhos brilham, corro, seguro-lhe a mão, ela olha para mim. Eu preparada para chamar alguém mais competente que eu e sinto um apertar na minha mão. Era ela que me pedia para nao o fazer. Das poucas palavras que se sentia capaz de dizer, soletrou estas: Era assim que estava destinado. Mando-lhe um beijo por ti. Porta-te bem! A cabeça deixou-se cair e aí apercebi que a morte nem sempre é uma coisa má.
Sem reação, as lágrimas cairam-me e ali afirmei que foi o momento mais bonito que já vi em toda a minha vida. Ali acreditei que o amor existe.
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